(Carlos Tê / Hélder Gonçalves) 
  
vieste comigo 
nesse jeito pós-moderno 
de não querer saber nada 
de não fazer perguntas 
essa pose cansada 
tão despida de emoção 
de quem já viu tudo  
e tudo é uma imensa 
repetição 
  
não fosse a minha competência para amar 
e nunca teríamos acontecido 
num mundo de competências 
e técnicas de ponta 
a dádiva da fala 
quase já não conta 
  
depois quase ias embora 
desse modo  
evanescente 
não soubesse eu ver-te 
tão transparente 
e teria sido apenas 
um encontro acidental 
uma simples vertigem 
dum desporto radical 
  
não fosse a minha competência para amar 
e nunca teríamos acontecido 
num mundo de competências 
e técnicas de ponta 
a dádiva da fala 
quase já não conta  |